É tão bom nos sentírmos bem conosco! Já tem tanto tempo que não me sinto assim. Desde que a depressão me pegou, cada dia de melhora parece um despertar para a vida. E tem sido gradual mas satisfatório.
Acho que Deus não faz nada por acaso. Antes dessa fase negra, não tirava férias a uns quatro anos (sempre emendando vários trabalhos!- 2 anos em um, um ano no outro, seis meses no outro e quase 2 no ultimo). Minha vida era um corre-corre, entre o hospital em que trabalhava e a faculdade a noite. Isso quando não tinha que "dobrar" na falta de algum colega. Eita aflição! Era cruel demais!! Nao cuidava da minha saúde e nem possuía nenhuma diversão... só trabalho! Ninguém aguenta essa vida, né? Para manter-me "disposta" tomava um famoso remédio para emagrecer que me deixava eufórica... O coração disparava, parecia uma doida... não sentia a menor fome, nao raciocinava direito, esquecia facilmente as coisas, vivia trêmula, literalmente, ao ponto de ter vergonha de escrever em público. Fiquei viciada nessa drogaaaaaaaaaaaaa! Acho que o excesso de medicamento ja era consequência de uma depressão inconsciente.
Ficava com medo de parar para pensar como a minha vida estava desorganizada. Era como se eu estivesse dormindo e sonhando e não tivesse coragem para acordar e resolver os problemas, tomar as decisões, ser dona das rédeas da minha vida. Nem atenção devida empregava as minhas filhas, que praticamente "se criavam". Um dia, acordei com uma enorme angústia. Não estava vendo o menor sentido em viver assim... Comecei a desacelerar. Passei a não mais ir a faculdade e adoecia frequentemente. A pressão subia de forma exacerbada (como pode aos 32 anos ter um pico de pressão de 20x16???) Afffffffffff... pronto, vou morrer! E se vou morrer, para que tanto sacrifício?
Que pensamento mais tolo! Só hoje vejo. Então, se adoecia,também não ia ao trabalho. Parei de tomar o bendito remédio , fui demitida... Engordei horrores. A verdade é que nunca fui magérrima. Era... meio termo... huummmm... tipooooooo... a mulher do "bumbum grandão" (lembrei agora de meu marido, ele só me chama assim! - hehehe) e pernas grossas, porém fina em cima. Mas estava cada vez menos disposta, triste, sem ânimo... e gorda! Fiz um check up, a médica percebeu que eu estava obesa e deprimida. A depressão, o uso aleatórios de medicamentos, a má alimentação, a dedicação exclusiva ao trabalho foram as causas literais da obesidade... um caminho sem volta.
Fui a um médico especialista em obesidade que confirmou as minhas suspeitas; teria que fazer uma gastroplastia para engatilhar o emagrecimento. Fiquei arrasada pois nunca pensei que chegaria a esse extremo. Procurei o plano de saúde ao qual sou dependente que informou que ainda estava em carência para realizar exames específicos (quase todos do pré operatório) e carência para a cirurgia ate agosto. Então, fazer o quê? Aguardar até agosto chegar e buscar cada vez mais sobre a cirurgia. Hj estou uma verdadeira "Sherlock Homes" da Gastroplastia, hahaha...
Sempre fui muito vaidosa, mas seguia a vaidade errada... Aquela em que quer mostrar para os outros que está bem, mesmo que de fato não esteja. E viver de aparência é fantasiar... é viver para os outros, como sempre fiz e a quem se quer enganar sendo assim, heim? A si próprio, é claro! Precisamos estar bem conosco em primeiro lugar. Agradar aos demais, é uma consequência que, se ocorrer; massa. Se não... que pena! Por que mudar o nosso bem estar para viver a vida de outrem? completamente sem sentido. Masss... foi assim que vivi durante muito tempo. Sou filha única, fui muito mimada e criada para ser a melhor em tudo. Me cobrei demais... Fui mae muito cedo... e para agradar a minha mae (que me considerava incapaz) , deixei a minha filha mais velha sobre a sua responsabilidade. Casei, tive outra filha. Casamento sem respeito...me separei apos quase 6 anos de relacao... sempre fazendo tudo "pelos outros".
Ameiii, ameiiii, ameiiiiiiiiiii... da forma mais entregue e verdadeira que se pode amar. Ele foi morar noutro país, está muito bem casado e ama loucamente a sua mulher. Com a partida dele, tomei conhecimento de outros relacionamentos dele com outras mulheres, eu comecei a sentir que estava morrendo aos poucos. Digo que tudo o que mais queria era ter dividido a minha vida com esse homem... Eu o amava, mas ele não me correspondia (ninguém é culpado por não gostar de alguém, né?)
Nunca poderia imaginar que a ausência de alguém pudesse contribuir com o meu adoecimento... mas, precisei passar por tudo isso para saber que não podemos entregar o nosso amor para quem está apenas de passagem.
Graças a Deus, estou cada dia melhor. Busquei outras pessoas na tentativa de esquecê-lo...
Me apaixonei novamente, casei-me com esse novo amor e sou feliz ao seu lado, com a minha caculinha.
Bommmm... feliz, feliz, eu nao estou, pois ainda estou me curando da depressão, estou obesa... preciso retomar a minha vida por completo. Mas, estou em fase de reflexão, de recomeço, e isso é uma melhora absurda para alguém que a alguns meses atrás passava o dia inteirinho chorando, comendo e dormindo, sem nem conseguir fazer a higiene pessoal. Absurdo.
Estou lendo um livro muito bom chamado: "Poder sem Limites" de Anthony Robbins. Um livro muito legal, onde tenho refletido muito sobre mim. Tem uma passagem no livro que achei bem pertinente para ser postada aqui:
"'Sucesso'
Rir muito e com frequência;
ganhar o respeito de pessoas inteligentes
e o afeto das crianças;
merecer a consideração de críticos honestos e
suportar a traição de falsos amigos;
apreciar a beleza,
encontrar o melhor nos outros;
deixar o mundo um pouco melhor,
seja por uma saudável criança,
um canteiro de jardim ou uma redimida condição social;
saber que ao menos uma vida
respirou mais fácil porque você viveu.
Isso é ter tido sucesso."
Acho que coisas simples como estar de bem consigo nos da força para semear o bem e a alegria pelo mundo, de verdade.
Preciso viver muito, acompanhar o desenvolvimento das minha duas filhas (muito lindassss... duas perolas!), conquistar muitas coisas ao lado do meu amor (ele e maravilhoso), trabalhar bastante, fazer a diferença no mundo. Não é certo ser vencida pela doença. Tenho que lutar muito, superando os obstáculos, vencendo-os um por um. Não posso ser um parasita nesse mundo que precisa tanto de nós!!!! Afinal, nem tanto nem tão pouco! Não posso viver de faixada para agradar aos outros, me desagradando completamente, sem pensar em mim, mas também não posso viver introspecta, escondida no meu mundo... morrendo. Afinal, suicídio é um ato covarde!!!!!!!!!!
"Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo..."
ai amiga.. que lição... poxa !!! quanta coisa...
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